sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Brendon Urie: Sexualidade, Bissexualismo e Protesto.



O cantor da banda Panic!At The Disco fez uma entrevista para PrideSource, sobre a sua sexualidade e a polêmica da igreja contra eles.
Dando um resumo básico, após a gravação de Girls/Girls/Boys, que é uma música sobre se apaixonar por uma garota bissexual, alguns integrantes da igreja Westboro Baptist tentaram - sem muito sucesso - protestar no show deles com cartazes "Deus odeia quem apoia os direitos gays" e "Deus odeia putas".
Acompanhe a entrevista abaixo.


Q&A: Vocalista do Panic fala sobre protesto da Westboro: Foi patético.

O vocalista do Panic! at the Disco, Brendon Urie, está na lista negra da Igreja Westboro Baptist – quem não? - e ele não poderia estar mais feliz.
Rindo do recente protesto que aconteceu durante a passagem da turnê The Gospel Tour em Kansas City, Urie, que revelou em uma entrevista no ano passado ser um “hetero bicurioso”, me cumprimenta com um high five. Nos bastidores, horas antes do trio transmitir uma mensagem de amor e união a plateia de Detroid, eu menciono o tweet que a Igreja troll enviou, condenando nós dois por nossos “pecados gays”.
Nós conseguimos!” ele diz, eufórico que sua franqueza a respeito das questões LGBT - e agora sua própria sexualidade - chegou longe o bastante para chamar a atenção da WBC. “O que quer que os irrite, eu amo.”
Espere até ler o que ele tem a dizer sobre ter tesão por Ryan Gosling.
Como você ficou sabendo que a Westboro iria protestar no show de Kansas City?
Nós vimos os tweets. Por duas semanas antes do show de Kansas City eles estavam nos ameaçando. Na verdade, eles já vieram aos nossos shows antes, mas nunca foram tão presentes.
Tão presentes? Apenas 13 pessoas apareceram do lado de fora do show em Kansas City. Você está me dizendo que eles eram menos do que isso nos outros protestos?
Sim. Sério – tinham umas cinco pessoas ou algo assim.
Você ainda não fez uma declaração sobre este protesto…
Não…
E eu sei que algumas celebridades os confrontaram…
…o que é ótimo. Os Foo Fighters fizeram isso. A banda inteira subiu na caçamba de uma caminhote e tocaram algumas músicas country, o que foi brilhante.
Como vocês decidiram responder a eles doando U$20 ao Human Rights Campaign para cada protestante que viesse ao seu show?
Quando eu soube que eles viriam, quer dizer, eu não posso mentir – eu fiquei um pouco chateado. Tipo, “Cara, eu não gosto dessas pessoas,” então eu fiquei, “Eu não quero continuar com esse humor. Não quero me sentir assim. Não quero que eles tenham esse tipo de controle, então vamos tentar virar o jogo.” Por que o que os deixaria mais irritados do que ser parte de algo caridoso? E eu pensei que faríamos uma grande doação! Mas 13 pessoas apareceram por 20 minutos e então foram embora. Foi fraco. Foi patético. Então, jogamos um pouco mais de dinheiro, porque aquilo foi estúpido. (Panic! at the Disco fez uma doação total de U$1,000 ao HRC.)
E se eles aparecerem em mais shows?
Se eles aparecerem, nós doaremos muito mais! (Risos)
Esse tipo de ódio estimula você a lutar mais pelos direitos LGBT?
Me mostra um mundo ao qual eu sou cego o tempo inteiro. Vivendo em Los Angeles, todo mundo é aberto a tudo, o que é incrível, então eu meio que vivo em um paraíso liberal. Ao pegar estrada e visitar diferentes cidades, você percebe que não é assim em todos os lugares. Existe um pequeno e concentrado grupo de pessoas que amam odiar. Me faz lutar mais por coisas em que acredito.
A condenação de suas crenças deve ser familiar por crescer como um Mórmon. Você abandonou a igreja ainda novo, certo?
Sim. Eu pensava, “eu não acredito em nada disso,” quando tinha 12 anos. Lembro de olhar em volta na igreja – foi durante a reunião sacramental no domingo – e pensar “Meu Deus, acho que não acredito nisso.” Eu comecei a duvidar. Dentro de um ano eu era um completo ateu. Foi tão libertador, e realmente me senti mais honesto comigo mesmo. Amo isso.
Mas sim, estive em um mundo em que estava fazendo coisas que eram vistas como um mal completo pela igreja que eu fazia parte. Isso me deixou chateado por muito tempo. Estava muito irritado quando deixei a igreja aos 17 anos. Eu era um ateu irritado, então me cansei de estar lá.
Da última vez que conversamos, você se abriu sobre as experiências homossexuais que teve quando era novo. Essas experiências fizeram parte da decisão de deixar a igreja?
Definitivamente foi parte disso. A maior parte foi a doutrina. Depois de um tempo eu percebi que se fosse acreditar em Deus, eu não queria que ele odiasse as pessoas que eu amo. Eu não quero que odeie seus filhos. Se Ele diz que os negros não podem ter o sacerdócio até 1978, isso não faz sentido para mim; se ser gay é uma coisa ruim, isso não faz sentido para mim. Todas essas coisas não se somam. Se esse é o clube que eu tenho que estar para me sentir exclusivo e importante, não quero ser parte disso. Então foi isso. Não coincidiu com as coisas que eu acreditava, simples assim.
Eu ainda me considero espiritual, e é algo estranho também. Sei que para várias pessoas Deus é a grande resposta para muitas coisas, e isso é totalmente justo. Para mim, eu acredito que seja maior do que isso. Para mim o universo é maior do que um homem barbudo nas nuvens que “talvez” tenha criado tudo. Acho que é baratear a experiência. Eu fiz incontáveis viagens – viagens psicodélicas – e isso abriu minha mente. E quanto mais experiencio, percebo que sei cada vez menos.
Percebi que sou ignorante para o que é possível por aí, então eu não quero me limitar a acreditar em um só Deus. Gosto de pensar que é mais do que isso, que existe um mistério não resolvido por aí, e talvez nunca será. Mas eu amo perseguir isso. Isso é o que “espiritual” é para mim. Ser apenas espiritual me faz sentir profundo, e eu amo a maneira como isso me conforta.
O que você e sua banda pensaram quando ouviram a versão que a Westboro fez da sua canção, I Write Sins Not Tragedies, na qual eles a reescrevem como um hino homofóbico chamado You Love Sin What a Tragedy?
Esse foi meu primeiro pensamento: “Cara, eles não podiam ter conseguido uma pessoa que de fato canta?” (Risos) Isso me deixou furioso. Eu tinha 17 anos quando gravei aquilo e eu não me consederava um bom cantor, mas se você vai fazer uma paródia de algo, pelo menos consiga um cara que consegue cantar. Tipo, que voz terrível.
Não é? Se alguma coisa é pecado, é o auto-tune naquela canção.
(Risos) Exatamente o que eu penso. É um versão terrível. Honestamente, nós estávamos morrendo de rir. Achamos hilário. Pensamos  em realmente mudar algumas linhas para o que eles tinham feito com nossa música, mas então ficamos tipo “Ah, isso é dar muito crédito.”Achamos engraçado.
Eu os vejo como uma piada. Para mim, são inofensivos. Eu percebi que estão tentando ferir os sentimentos das pessoas, e eles conseguem quando aparecem um funeral de soldado gay. Isso é muito errado. É passar dos limites.
O que acha do novo nome que eles deram a você: “cafetão gay”?
Como? Hey, então, se alguém estiver procurando por dinheiro…
Quanto tempo você acha que eles demoraram para achar a sua foto apontando para a virilha?
(Risos) Não muito. Talvez seja a primeira coisa no Google.
Qual foi seu maior momento “cafetão gay” nos palcos?
Mais cafetão do que gay. (Risos) Honestamente, eu estou constantemente correndo pelo palco me esfregando nos colegas de banda – então sim, fica um pouco sexy.
Eu vi uma montage de você se esfregando outro dia. Isso diz muita coisa quando você tem material o bastante para fazer uma montagem gay.
É tão engraçado, quando tínhamos nossa primeira formação eu costumava fazer isso com os outros caras da banda, e as vezes isso os deixava desconfortáveis. Eu ficava tipo “Oh, isso vai ser tão divertido.” Eu amo ser irritante.
Você já sentiu que passou dos limites?
Umm…eu não acho que tenha ido tão longe. Quero dizer, na minha opinião. Mas não sei. Nunca perguntei a eles! (Risos)
Você beijou seus colegas de banda…
Oh, claro. Eu não fiz isso recentemente. Eu tenho estado enjaulado em meu próprio mundo suado. Eu me sinto mal colocando meu suor em outra pessoa. Eu sou muito nojento. (Risos)
Como acha que foi a resposta das pessoas quando se assumiu?
Eu não acho que necessariamente me assumi porque nunca tive problema em admitir para quem perguntasse, mas ninguém nunca tinha perguntado se já peguei outro cara. Para mim, não importa quem você ama ou o que faz com sua vida pessoal, mas me deixa feliz ver isso refletido nos comentários e reação do publico – a maioria das pessoas inteligentes, espertas e liberais conseguem perceber isso, realmente não importa.
Na época, você tinha me dito que era algo importante para você se assumir.
Porque ninguém nunca tinha me perguntado. Eu nunca falei sobre isso. E foi. Para ser honesto, nunca quero me sentir envergonhado em ser honesto. Não quero me sentir envergonhado em dizer as pessoas quem eu realmente sou. A honestidade só ajuda porque você pode ter outras pessoas como exemplo e perceber “Oh, posso ser eu mesmo e me sentir orgulhoso de quem sou.
Você e sua esposa, Sarah, tem o mesmo gosto em homens?
Eu acho alguns caras realmente atraentes. Então sim, nós falamos sobre Ryan Gosling. Nós falamos sobre Charlie Hunnam, porque ele é um homem lindo. E também gosto de coisas antigas. Eu costumava assistir filmes e ficar “Esse é cara bonito.” Eu consigo apreciar quando um homem é atraente. Paul Newman é um cara de boa aparência. Tipo “Cool Hand Luke”!
O que tem o Ryan Gosling?
A atitude. Quando fazia sexo com as garotas na época da escola, eu assistiria “The Notebook” só para ficar, “Tudo bem, vamos assistir a esse filme…para podermos transar. Para podermos dar uns amassos durante o filme INTEIRO!” Em “Crazy, Stupid, Love”, quando ele tira a camisa, fiquei tipo“Esse cara é trincado!” Quero o corpo de Ken. Se eu pudesse ter o corpo dele no meu corpo…
Ele é alguém com que você cometeria o “pecado gay”?
(Risos) Você estava esperando para fazer essa piada. Sabe, é engraçado, porque, honestamente, quando jovem eu era curioso. Queria tentar tudo. Tinha 13, 14 anos e queria tentar. Eu pensava“Será que sou gay? Eu não sei”. Entre 13 e 15 anos – foi uma época experimental para mim. Perdi minha virgindade quando tinha 13 anos.
Para uma garota?
Para uma garota. Me sentia atraído apenas por mulheres, mas depois de curtir um pouco, eu era curioso. Tipo “Eu não sei o que ou quem sou ainda. Quero ver o que eu curto.” Eu realmente não sabia. Eu passei um ano ou dois vendo o que funcionava – algumas tentativas com garotos para ver como era. O que não sabia – e depois de um tempo percebi, era “Sim, sou hétero. Eu gosto de garotas. Mas eu acho caras atraentes.” Eu não sabia. Era um indivíduo com tesão.
Eu tinha literalmente 6 anos quando tentei beijar uma menina pela primeira vez só porque havia visto nos filmes, “Eu quero fazer isso. Parece incrível”. Estava louco por garotas e em minha casa era proibido namorar até você ter 16 anos, então em fugia e ia a festas. Isso me fez querer experimentar ainda mais. As restrições me fazem querer experimentar as coisas. Talvez eu não tivesse experimentado tanto se o mundo fosse mais aberto e não tão restrito, mas não me arrependo nem um pouco. Definitivamente acho que aquele era meu caminho. Se eu quiser saber de algo, preciso experimentar. E eu ainda tenho 16 aqui (aponta para cabeça). Os hormonios continuam lá, o tesão continua lá.
Sinead O’Connor recentemente me disse em relação a sua sexualidade, “Não é sobre o que deixa meu *** duro.”
Isso é incrível. Bom, não é sobre o que deixa minha ****** molhada… (Risos)
Então, considerando o quão “ocupado” você era, chegou a assistir “The Notebook” por completo?
(Risos) Ah sim, claro. É um bom filme. Sabe o que é engraçado? Eu ficava tipo (aprofunda a voz)“Ah não, isso é estúpido, é coisa de mulher.”, mas hoje em dia estou mais para “Esse filme é incrível”. Eu amo comédia romantica. “Love Actually” [Simplesmente Amor] é um dos meus filmes favoritos.
Você é um chorão?
Sim. “The Notebook” definitivamente me pegou. No final quando ela esquece o marido de novo quando eles testão velhos – merda, aquilo foi lindo e trágico. Esse tipo de coisa me pega. Despedaça meu coração. O modo como ele está preso a ela – é um mensagem legal.
O que a capa do seu último álbum Too Weird to Live, Too Rare to Die! representa?
Para esse disco, “Too Weird To Live,” foi simplesmente sobre o tempo que cresci em Vegas. Queria criar esse personagem. A pessoa na capa não é quem eu sou. Até mesmo o cigarro – eu larguei desde então. Mas quando eu era criança, aquele era o cara que corria por Vegas e dominava. Ele tinha uma jaqueta da Liberace e fumava cigarros. Ele dominava o deserto, e não dava a miníma, e a fumaça colorida – para mim é a quintessencia do garoto de Vegas.
Isso é você vivendo uma fantasia infantil?
Eu queria ser o que nunca fui. O que era proibido. Para mim, strip era proibido. Viver lá, existe uma enorme comunidade Mórmon, mas na maioria das vezes estão tentando converter todo mundo. E a maioria tem a cabeça nos negócios – quer dizer, Mórmons são apenas homens de negócio, o que é meio louco. Mas sim, veio da minha curiosidade quando criança. Eu realmente via Vegas como essa cidade imoral de gangster, e amava a fantasia de pensar em “quem comendava essa cidade?”
Você ouvia esses rumores de cafetões dominando, todos esses caras da máfia, e era tipo “Eu quero estar nesse mundo. Quero ter essas gravatas. Quero ser um “goodfella”. Eu quero ser o Ray Liotta do Paul Sorvino.” Eu sempre quis estar nesse mundo, e agora tenho isso na música. Tenho meus amigos próximos. Nós somos uma gang.
Essa fantasia que você tinha quando criança, você se imaginava como um garanhão – foi que por que não era um quando criança? Você era vítima de bullying?
Ah sim.
Então você se idealizava como algo maior do que se sentia?
Com certeza. Isso veio um pouco do bullying, mas nunca deixei que fossem muito longe. Eu não podia impedir que eles me batessem, o que acontecia de vez em quando. Acho que ter pessoas a minha volta que eram fortes e solidárias me ajudou a superar isso… especialmente porque foda-se um valentão!
Como você responde ao bullying hoje em dia, como a Westboro, em comparação com quando era criança?
Honestamente, fico com raiva no começo. Melhorei muito com o passar do tempo e com a idade. Eu costumava extravasar quando era criança. Ia para casa bater no saco de pancadas até meus dedos sangrarem e pensava “Eu odeio minha vida.” Mas então percebi que não precisava ser tão ruim assim. Eu apanhava porque tinha algo de errado com eles. Não fiz nada de errado. E não é fácil, mas com o tempo você percebe que não é sua culpa. É definitivamente problema deles e faz muito mais sentindo ser um melhor exemplo. É uma grande vitória. É mais egoísta também, para mim, porque eu ficava “Eu quero ser o vencedor agora.”
Só lembrando que a banda postou esse tweet após o acontecimento:

Obrigado pela atualização @WBCsays do quanto vocês doaram ao The Human Rights Campaign hoje. U$20×13 = FRACO. Vamos aumentar para U$1000. Também estaremos doando 5% do total das vendas da loja deste show ao @HRC.
E durante o show, Brendon fez um pequeno discurso antes tocar Girls/Girls/Boys: “Eu quero dedicar essa canção aos idiotas da igreja Westboro Baptist. Porque existe amor com homem e mulher, homem e homem, mulher e mulher. E vão se foder!”
(Post ao som de: Too weird to live, too rare to die. - Panic! At The Disco)
Fonte: Patd Brasil

Um comentário:

  1. Olá, Antonio. Que bom que voce gostou.
    Sim, fique a vontade. Vou dar uma olhada sim, pode deixar.
    Abraço.

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